"Bachiana nº5" de Hector Villasboas
É curioso, caro leitor, recordar a propósito o filme Habla con ella, em Português Fala com ela, do realizador Pedro Almodóvar:
Duas jovens mulheres dão entrada em coma numa clínica. Uma, bailarina, após grave atropelamento, a outra, toureira afamada, colhida numa faena. Qualquer delas recebe diariamente a presença atenta de um homem, uma, seu noivo, a outra, seu enfermeiro. O noivo olha-a, calado, distante, só. O enfermeiro conta-lhe histórias do que lhe acontecera naquele dia, como está o tempo, a vida lá fora, partilha com ela o calor das suas mãos ao penteá-la, secá-la, massajá-la. Por um segundo que fosse, o primeiro jamais acreditou que sua noiva o ouvisse, ao contrário do enfermeiro, que sempre se sentiu escutado. Longos foram os períodos em coma, longos os silêncios e ausência afectiva do noivo que acabou por conformar-se com a partida de sua noiva. Enquanto a outra mulher começou lentamente a responder ao calor da voz humana e das mãos, deixando-se engravidar pela vida. Afirmar que uma delas teria morrido pela ausência de comunicação e que a outra recuperara porque jamais o seu interlocutor duvidara que ela o escutava, arrisca-se no mínimo a ser considerada uma afirmação não científica. Mas vale a pena perguntar: quem somos nós, humanos, para duvidarmos dos insondáveis mistérios e poderes do afecto e da vida?
E a prova é que as pessoas em coma recordam, ao despertar, o calor da presença, da voz, das mãos, dos beijos de quantos sempre acreditaram que elas regressariam... E muitas delas regressaram.
Duas jovens mulheres dão entrada em coma numa clínica. Uma, bailarina, após grave atropelamento, a outra, toureira afamada, colhida numa faena. Qualquer delas recebe diariamente a presença atenta de um homem, uma, seu noivo, a outra, seu enfermeiro. O noivo olha-a, calado, distante, só. O enfermeiro conta-lhe histórias do que lhe acontecera naquele dia, como está o tempo, a vida lá fora, partilha com ela o calor das suas mãos ao penteá-la, secá-la, massajá-la. Por um segundo que fosse, o primeiro jamais acreditou que sua noiva o ouvisse, ao contrário do enfermeiro, que sempre se sentiu escutado. Longos foram os períodos em coma, longos os silêncios e ausência afectiva do noivo que acabou por conformar-se com a partida de sua noiva. Enquanto a outra mulher começou lentamente a responder ao calor da voz humana e das mãos, deixando-se engravidar pela vida. Afirmar que uma delas teria morrido pela ausência de comunicação e que a outra recuperara porque jamais o seu interlocutor duvidara que ela o escutava, arrisca-se no mínimo a ser considerada uma afirmação não científica. Mas vale a pena perguntar: quem somos nós, humanos, para duvidarmos dos insondáveis mistérios e poderes do afecto e da vida?
E a prova é que as pessoas em coma recordam, ao despertar, o calor da presença, da voz, das mãos, dos beijos de quantos sempre acreditaram que elas regressariam... E muitas delas regressaram.
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