O cinema deu-nos exemplos de Cavaleiros da Liberdade. É o caso do Testa de Ferro, de Martin Ritt, protagonizado por Woody Allen e, sobretudo, de Spartacus, produzido e interpretado por Kirk Douglas. Como te lembrarás Spartacus é um gladiador vencedor que teve a seus pés, à sua mercê, outro homem, tão escravo como ele. Em vez de o trespassar, Spartacus volta-se para a tribuna e joga a lança contra o imperador, o verdadeiro inimigo de todos os escravos.
Já agora deixa-me partilhar contigo uma associação livre sobre a verticalidade dos homens, ou a ausência dela. O autor do guião do filme Spartacus, Dalton Trumbo, fazia parte da lista negra de Joseph McCarthy. Kirk Douglas, pergunta, hesitante, a Stanley Kubrik, realizador, como resolver aquele problema. É “simples” responde-lhe Kubrick sem hesitar, “assino eu o guião”. Aqui estão dois homens de estatura moral completamente diferente:
Stanley Kubrik que se oferece sem pestanejar para assinar o guião em substituição do verdadeiro guionista e Kirk Douglas, esse homem de três metros de altura, que não hesitou em inscrever na ficha técnica do filme o nome do verdadeiro autor do guião e com isso desafiar desassombradamente o fanático e acéfalo establishment macartista (século XX, América do Norte). Dando assim razão ao poeta:
...há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não
(Manuel Alegre)
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