Quando ouvir alguém dizer: “Deus me livre dos meus amigos porque com os meus inimigos posso eu bem”, não significa que deva estar sempre desconfiado com as pessoas. É consigo próprio que deverá estar atento quando se sentir, por exemplo, um homem de fato cinzento, um camaleão para todos os gostos, um português suave. Contente consigo e com a sua tribo, o seu clube, a sua camisola. Cego, surdo e mudo à palha que as pessoas consomem, ao deserto afectivo em que se movem, à vida sem esperança, sem dia seguinte (sans lendemain). É tendo uma expectativa positiva dos outros, acreditando teimosamente, como Jodie Foster acreditou, no seu filme Contacto (1997), que pessoas de desconhecidos e longínquos planetas tentam comunicar connosco, que poderá, não digo mudar o mundo, mas acreditar que é possível melhorá-lo. A etimologia da palavra utopia vai no mesmo sentido: há locais, estádios, que não existem, ainda, mas o facto é que todos os grandes avanços da humanidade começaram por ser utopias...
- Acho piada, avô, falares-me do filme da Jodie Foster, Contacto, que vimos juntos. É espantoso como ela não desanimou e continuou a acreditar que vale a pena escutar pessoas que querem comunicar connosco. Achei um filme lindo, mas para falar com franqueza, avô, não sei se eu seria capaz de esperar tanto tempo como ela.
- Repara que é a mesma questão que se colocava na atitude face a pessoas em coma, que já tínhamos visto também em Habla con ella, e a atitude face a recém-nascidos. Acreditar convictamente que os recém-nascidos e as pessoas em coma sentem a presença, o calor, o afecto, a voz, as carícias de familiares queridos, não é apenas acreditar no espaço de ilusão em sentido estrito, é muito mais do que isso. É acreditar no que Arquimedes incessantemente continua a ensinar-nos: “Dêem-me um ponto de apoio e eu levantarei o Mundo.” É o amor, a esperança, o ponto de apoio de que precisamos.
- Tu sabes, avô, como eu gosto de te ouvir falar assim, faz-me acreditar que existe um Mundo bonito em que as pessoas esperam dos outros o melhor deles, a ponto de os recém-nascidos nascerem para a vida e as pessoas em coma regressarem a ela. Mas por favor, diz-me: tu acreditas mesmo que o amor pode fazer esses milagres? Ou é apenas o teu desejo?
- Apetece-me responder com o diálogo entre homens e deuses: estavam os homens apostrofando os deuses “deuses impassíveis, por que nos criastes?!” e os deuses, com voz ainda mais triste, respondem: “homens, por que nos criastes?...” O que me parece interessante no místico sem deus, vítima do seu sonho, que continua a ser Antero de Quental, é os deuses responderem, de facto, aos anseios dos homens, mas para lhes recordar que o ponto de apoio para levantar o Mundo está dentro deles, é o amor e a esperança. Isto não é tomar os desejos dos homens pela realidade, mas todos quantos diariamente acompanham recém-nascidos e pessoas em coma sabem que só com amor se sobrevive e vive.
- Acho piada, avô, falares-me do filme da Jodie Foster, Contacto, que vimos juntos. É espantoso como ela não desanimou e continuou a acreditar que vale a pena escutar pessoas que querem comunicar connosco. Achei um filme lindo, mas para falar com franqueza, avô, não sei se eu seria capaz de esperar tanto tempo como ela.
- Repara que é a mesma questão que se colocava na atitude face a pessoas em coma, que já tínhamos visto também em Habla con ella, e a atitude face a recém-nascidos. Acreditar convictamente que os recém-nascidos e as pessoas em coma sentem a presença, o calor, o afecto, a voz, as carícias de familiares queridos, não é apenas acreditar no espaço de ilusão em sentido estrito, é muito mais do que isso. É acreditar no que Arquimedes incessantemente continua a ensinar-nos: “Dêem-me um ponto de apoio e eu levantarei o Mundo.” É o amor, a esperança, o ponto de apoio de que precisamos.
- Tu sabes, avô, como eu gosto de te ouvir falar assim, faz-me acreditar que existe um Mundo bonito em que as pessoas esperam dos outros o melhor deles, a ponto de os recém-nascidos nascerem para a vida e as pessoas em coma regressarem a ela. Mas por favor, diz-me: tu acreditas mesmo que o amor pode fazer esses milagres? Ou é apenas o teu desejo?
- Apetece-me responder com o diálogo entre homens e deuses: estavam os homens apostrofando os deuses “deuses impassíveis, por que nos criastes?!” e os deuses, com voz ainda mais triste, respondem: “homens, por que nos criastes?...” O que me parece interessante no místico sem deus, vítima do seu sonho, que continua a ser Antero de Quental, é os deuses responderem, de facto, aos anseios dos homens, mas para lhes recordar que o ponto de apoio para levantar o Mundo está dentro deles, é o amor e a esperança. Isto não é tomar os desejos dos homens pela realidade, mas todos quantos diariamente acompanham recém-nascidos e pessoas em coma sabem que só com amor se sobrevive e vive.
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