Bem-vindos


a este vosso novo Blog, tratem-no bem ou mal conforme merecer, mas por favor reajam, participem. Iniciá-lo-emos com a publicação de excertos de um manuscrito original já publicado na Zéfiro editora:

MEMÓRIAS DE UM PSICANALISTA
José Carlos DIAS CORDEIRO


Deixe-me dizer-lhe o que alguém me confidenciou:

... eu tenho tudo na vida mas falta-me a alegria e a paixão de viver.


que pedras terei de mover no tabuleiro do meu dia-a-dia para conseguir surpreender-me de novo, reconciliar-me comigo, com os outros e viver?


Esta é uma questão que o leitor aprenderá a responder. E fá-lo-á com a ajuda de um jovem fascinado pela vida e de seu avô, um psicanalista interessado em escutar palavras, silêncios, dúvidas que todos temos.

Este livro vive de duas experiências:

  • as memórias de um psicanalista

  • a volúpia, única, de pessoas como você conseguirem resgatar-se do fundo de si mesmas e renascerem para a VIDA.

20 julho 2009

21. Que mal fiz eu a Deus



"Op.57 Berceuse" de Choupin

Quantas vezes o medo que sentimos não passa de um receio imaginado, e não propriamente um acontecimento que nos traumatizou! Também, quando uma criança é castigada, e não percebe a razão por que o foi, vai, naturalmente, pensar “que partida terei eu feito aos meus pais?” A obsessão de nos redimirmos de pecados impregnada na nossa cultura judaico-cristã leva-nos facilmente a sentir “que mal terei feito eu” popularizado na expressão “que mal fiz eu a Deus?”... É curioso o leitor estar hoje a dizer-me:

Gostava de pôr a render o capital de experiência
que tenho em mim. Mas sinto que se o fizer,
fico um menino crescido, capaz de andar sozinho, pensar.
Fico cheio de medo de perder este útero protector que tenho aqui.

Quando o leitor deixar de necessitar conversar comigo, isso quererá dizer que interiorizou a nossa relação com tudo de bom que tem acontecido. Que saberá conviver com o seu espaço interior, e partilhá-lo. Terá adquirido a capacidade de lidar com os seus afetos, no dia-a-dia. Não se sentirá já sozinho, pode ir-se embora, completo, não fica abandonado, isto é, nem me abandona, nem eu o abandono, separa-se em plenitude total. Porque no seu universo, todo este espaço e este tempo continuará a pertencer-lhe.

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