Bem-vindos


a este vosso novo Blog, tratem-no bem ou mal conforme merecer, mas por favor reajam, participem. Iniciá-lo-emos com a publicação de excertos de um manuscrito original já publicado na Zéfiro editora:

MEMÓRIAS DE UM PSICANALISTA
José Carlos DIAS CORDEIRO


Deixe-me dizer-lhe o que alguém me confidenciou:

... eu tenho tudo na vida mas falta-me a alegria e a paixão de viver.


que pedras terei de mover no tabuleiro do meu dia-a-dia para conseguir surpreender-me de novo, reconciliar-me comigo, com os outros e viver?


Esta é uma questão que o leitor aprenderá a responder. E fá-lo-á com a ajuda de um jovem fascinado pela vida e de seu avô, um psicanalista interessado em escutar palavras, silêncios, dúvidas que todos temos.

Este livro vive de duas experiências:

  • as memórias de um psicanalista

  • a volúpia, única, de pessoas como você conseguirem resgatar-se do fundo de si mesmas e renascerem para a VIDA.

20 agosto 2009

34. Se ao menos pudesse



Concerto para violino de Beethovan, andamento 1
- Talvez aches estranho dizer-te que apesar de sabermos cada vez mais sobre a origem da vida e da morte, isso ajuda-nos muito pouco a apreender o sentido da vida, de onde vimos, para onde vamos, quer sejamos crentes ou ateus. As pessoas precisam de sentir o chão que seus pés pisam, sejam panteístas, para quem tudo é Deus, sejam ateus, ou agnósticos. A Um Deus Desconhecido de John Steinbeck e A Oratória Carmina Burana de Carl Orff são dois exemplos de arte profana, não sagrada, que celebram o Além, o que quer que Este seja. E foi preciso chegar ao Cristianismo para clarificar a diferença entre o Bem e o Mal, entre Deus e o demónio. Deves achar esta Metafísica toda um bocado confusa, mas como a palavra indica, a Metafísica está para além da compreensão do mundo físico pela mente humana.

- Só que no meio disto tudo fico sem saber se é possível ou não provarmos que Deus existe avô?

- Aí está uma questão que divide crentes e racionalistas.

- Queres dizer que para o crente, Deus é tão natural como toda a Natureza, como uma espécie de membro nato de tudo quanto existe?


- Podemos de facto colocar a questão dessa maneira, de Deus ser um dado imediato do conhecimento por existir desde o início de tudo e ser o que a tudo dá sentido. Dito desta maneira, não seria preciso demonstrar a sua existência porque Deus se confunde com o Universo e estaria na origem dele.

- Se assim é, está tudo resolvido, Deus existe porque existe.


- Então o que fizeste da tua Dialéctica, da análise sistemática entre as duas faces da mesma moeda? Repara que, afirmar que Deus é um dado imediato do conhecimento é para eles, dizer que a crença em Deus é uma adesão imediata da pessoa, um estado de graça, a Fé, não é um acto de inteligência demonstrável. Quando muito poderia querer dizer que Deus é a inteligência e a inteligência é Deus, mas os Teólogos insistem que Deus está presente em tudo, mas está para além do que existe. Esta é a doutrina da Igreja Católica mas, curiosamente, não é a atitude de todos os católicos. Para alguns, a ideia que acreditar em Deus não é um acto de inteligência mas de fé, retirar-Lhe-ia a suprema e total perfeição. - Tenho impressão que só agora é que eu percebi a Divina Comédia (1874) de Antero de Quental: ...Deuses, por que nos criastes? Homens, por que nos criastes? Será que Antero chama Divina Comédia à necessidade de alguns católicos serem mais papistas que o Papa, desejarem um Deus ainda mais absoluto e perfeito do que Aquele que tudo teria criado?

- Já agora, queres saber o que discutem Criacionistas e Evolucionistas? - Claro, avô.

- Falaremos disso um destes dias.

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